Uma palhaçada!

O inventor do circo deveria ser colocado no meio da estrada, fazendo-se passar por cima dele 5 camiões TIR (ou 5 camiõns TIRO), para que ele próprio passasse a fazer parte do asfalto. É para mim a pior invenção da humanidade e consegue juntar as coisas mais impensáveis num mesmo palco, desde domadores de animais ferozes a palhaços, passando por trapezistas, malabaristas, equilibristas, fascistas e maquinistas. As idas ao circo eram para mim uma das piores coisas da infância, ter de aturar palhaços e tipos que inserem a cabeça dentro da boca de feras causava-me um misto de aborrecimento e medo.
O facto de a boca do leão poder fechar a qualquer momento assustava-me visto que não vivi no tempo da inquisição e não sei bem como é que é essa coisa de ver homens a ficarem sem cabeça e a morrerem à frente de centenas de pessoas. Quer-me parecer que sujeitar crianças a este espectáculo não é lá grande ideia.
Já os palhaços entediavam-me com as suas estúpidas brincadeiras de espetar com tartes nas caras uns dos outros, molhar o público com flores que esguichavam água e pregar partidas uns aos outros que acabavam sempre com um dos palhaços com as calças pelos tornozelos.
E era assim que eu vivia a minha infeliz infância, sempre na esperança que não oferecessem bilhetes para o circo à minha mãe para que eu não tivesse de ir. Um dia, quando me fartei disto pensei "Já sou grande já posso ir comprar iogurtes sozinho! E também já posso dizer que não quero ir ao circo à minha mãe!", enchi o peito de ar e disse "Mãe, já não quero ir mais ao circo!". Ela compreendeu e respondeu-me "'Tá bem, filho... Agora vai-te lá arranjar que hoje fazes 18 anos.".