domingo, dezembro 31, 2006

As pessoas do aceno

Ouço um tilintar na minha cabeça quandos se atravessam no meu caminho. As pessoas. As pessoas do aceno. Por obrigação moral, já dizia o "shôr" Kant, aceno-lhes, murmurando muitas vezes um leve "tudo bem?!". Mas quem são estas pessoas que invadem a minha cabeça e obrigam-me a cumprimentá-las? Pessoas cujos nomes desconheço por completo. Não só os nomes, mas também as ideias, as filosofias de vida, a personagem preferida do "Noddy", etc. Lembro-me de uma vaga troca de palavras com algumas, outras apenas a cara é-me familiar e outras ainda, não faço a mínima ideia quem sejam, sendo o aceno a única lembrança. Todas caem, mais cedo ou mais tarde, nesta útlima fase.

Vá, não se façam de despercebidos, todos nós temos estas pessoas do aceno. Até o André!
Por vezes, nem sabemos se havemos de as cumprimentar ou não. Fazemos o movimento relaxado com a cabeça, o sorriso, o aceno com a mão ou não fazemos nada?!? É o dilema.

Depois de as cumprimentar, sinto nas entranhas a vontade de as abordar e dizer: "Olhe desculpe, eu sei que a cumprimentei, mas não faço put...a mínima ideia de quem voçê seja. Ficava mais à vontade se, pelo menos, me dissesse o seu nome, extracto bancário e já agora, a melhor casa de banho pública para defecar em Lisboa."
O que mais me aflige é que, para estas pessoas e para muitas outras, também eu sou a pessoa do aceno.

Para pôr fim a este flagelo mundial, proponho o desenvolvimento e introdução das CNPCPR. Para quem não conhece são as "Coisas Necessárias Para Cumprimentar uma Pessoa Regularmente". Sim "coisas"! Coisas fundamentais como uma prévia troca de, pelo menos, 147 palavras; o nome; o tamanho do soutien; etc. Coisas básicas para um cumprimento regular. Esta implantação iria resolver todo aquele incómodo que sentimos na presença das pessoas do aceno. Aliás, deixariam de existir. Perde-se imenso tempo a acenar a estas pessoas. Se deixasse de existir este problema, a produtividade aumentava e a secretaria da minha faculdade funcionaria um pouco mais de 5-7 minutos. Assim como muitos da função pública, e não só...

Boa passagem de ano.

Saudações.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Era giro falar um pouco de filosofia...

Gostaria de vos falar um pouco sobre filosofia alemã do séc. XVIII, mas como não sei muito acerca dessa temática vou antes falar de taxis. Para todos vocês que já frequentaram esse meio de transporte sozinhos de certo se depararam com a eterna dúvida: vou à frente ou vou atrás? Eu faço sempre esta pergunta a mim mesmo. Quando viajo acompanhado deixo-me sempre ficar ligeiramente para trás para que a outra pessoa decida se devemos ou não ocupar o lugar da frente. O problema surge quando a outra pessoa tem a mesma dúvida que eu... Atrás ou à frente?

Viajar atrás e deixar o motorista ir sozinho à frente pode demonstrar um certo pedantismo da minha parte, qualquer coisa para o motorista pensar “Olha-me este, tão jovem e já tem a mania que é patrão e que tem um motorista só para ele...”. Ir à frente é coisa para despertar uma certa revolta por parte do taxista, ao pensar “Olha-me este, lá porque é jovem tem a mania que pode ser meu amigo e ir aqui à frente como vão os meus amigos... Nem o conheço de lado nenhum!”. Já para não falar de que se for à frente o taxista possa pensar que sou amigo dele e comece a disparar temas que eu não domino muito, como futebol, últimas notícias nacionais ou miúdas.

Defendo que os táxis passem a ter um lugar intermédio entre o da frente e o de trás, qualquer coisa que faça o taxista pensar “Olha este tipo é porreiro senta-se ao pé de mim, mas não tão próximo que eu possa falar do Benfica e das vítimas da estrada durante a época natalícia.”, e que depois diga "Isto agora no inverno é uma pena, as miúdas andam todas tapadas nem dá para um tipo apreciar aqueles belos seios.". Os taxistas falam de mulheres seja com que passageiro for...

P.S. - Já tinha escrito posts em casa e posts noutras casas que não a minha, esta é a primeira vez que um post é escrito em andamento algures entre Pombal e o Entroncamento (e isto até rimou...). É verdade, circulo neste momento rumo a Lisboa no alfa pendular e quando lá chegar vou ter de me deslocar até casa. Estava a pensar ir de táxi até, mais uma vez, me surgir esta dúvida. Penso que vou optar por carregar as minhas cinco malas pelo metro. Há que ver o lado positivo, só vai demorar 1 hora!

domingo, dezembro 24, 2006

Eu também não queria acreditar! Mas aconteceu!

O Kassabian apareceu na televisão e no canal 1! Para vocês que já estão a bater com a cabeça nas paredes a pensar "Oh não! Como fui perder a primeira aparição do meu blog favorito na televisão?", ou "Como é possível um blog tão parvo ter aparecido na televisão?", ou mesmo "Porra que me esqueci de comprar a prenda de Natal para a minha mãe!" eu acalmo-vos... Para quem não comprou a prenda deixe de ler isto e vá imediatamente comprar. Quanto ao blog, apareceu, mas quem perdeu vai poder rever. É muito simples, basta ligarem os cabos do vosso computador à televisão e voilá! o Kassabian aparece na televisão e se tiverem jeito até o põem a aparecer no canal 1! Foi o que eu fiz e foi espectacular! Recomendo a todos que revivam este momento! Para mim foi o equivalente a ver a chegada do homem à Lua... Muito fraquinho, porque eu ainda não estava vivo nessa altura.

Depois desta parvoíce inicial gostava de escrever-vos sobre... coisas. De facto não faço ideia do que hei-de escrever, achei piada à ideia inicial de vos fazer acreditar que o Kassabian tinha aparecido na caixa que mudou o mundo. Aposto que todos vós cairam... Vá lá, dois de vocês de certeza que cairam... Um? Se foi um foram todos, visto que neste momento só deve existir uma pessoa a ler isto, de tão morto que anda este blog. Na verdade essa única pessoa sou eu... E o que eu me rio com os posts do André! Ele é mesmo cómico! Esquizofrenia? Talvez... Parvoíce? De certeza...

Bom... parece que não arranjo mesmo tema para aqui escrever... Resta-me desejar a todos o que deseja por esta altura... Uma santa Páscoa! E já agora fica já desejado um Feliz Natal e um Bom Ano Novo. Curiosa a discriminação que se faz. Para o Natal quero que tenhas felicidade. Já para o Ano Novo quero apenas que seja bom, como o ano é muito grande e eu posso querer ficar teu inimigo não te posso desejar felicidade para o ano todo, desejo-te essa coisa vaga que é que ele seja bom. Assim como se deseja Bom Apetite...

Então se calhar agora calava-me... Ou parava de escrever... Bom Natal e Feliz Ano Novo!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

(In)Formação

Hoje em dia todos sabemos como a formação de um indivíduo é importante. A nossa vida depende disso. Ninguém é aceite para um emprego sem que tenha pelo menos uma licenciatura. Há neste momento caixas de supermercado licenciados, varredores de rua licenciados e até alguns médicos já têm uma licenciatura! Onde é que este país irá parar? Políticos licenciados? Para quê tanta formação à juventude se 70 anos depois o investimento é deitado por terra? (Quando digo deitado por terra é literalmente, dentro de um caixão e cheio de terra por cima).

Era tão mais giro se ninguém tivesse de aprender nada. Não precisávamos de comunicar, apenas grunhir, passávamos o dia de barriga para o ar a ver miúdas giras. Ok, se calhar era interessante podermos dizer umas palavras, só para mandar uns piropos às gajas...

O que é engraçado é ver como se estabeleceu o processo educativo. No início não havia professores, todos eram auto-didactas. Depois desses aprenderem devem ter começado a ensinar a outros formando-se então os primeiros "professores". Os aprendizes passavam a professores e assim sucessivamente. Sempre foi assim, até hoje... Hoje para além de aprendermos com um professor, temos vários. E não apenas durante a idade escolar, quando começamos a trabalhar podemos ter de frequentar "Cursos de Formação".

E era aos cursos de formação que queria chegar. Estes são dados por "formadores". Agora o que eu acho piada são os cursos que permitem que estes formadores dêem formação, chamam-se cursos de formação de formadores e são dados por um formador de formadores. Este, por sua vez, aprendeu com um formador de formadores de formadores que tinha aprendido com um formador de formadores de formadores de formadores. Como é óbvio este pôde passar a exercer a sua profissão quando frequentou um curso de formadores de forma... Acho que já perceberam a ideia.

O que eu me pergunto é: quem foi o primeiro formador destes todos? Provavelmente um sábio de barbas brancas que vive isolado numa gruta e os aprendizes a "formadores de formadores de formadores de..." que o visitam ouvem coisas do estilo "À montanha terás de ir, a sabedoria beber, para ele não se rir, da fonte jovem irás correr". E depois ele volta a pegar na garrafa de Borba colheita de 1997 enquanto vê o jovem aprendiz sair a correr com o seu cantil à tiracol e o chapéu de explorador na cabeça...

E é esta a gente que ensina neste país. Não admira que tenhamos um sistema de educação tão medíocre...

terça-feira, dezembro 12, 2006

Vrummmmm

Para as má linguas que me embrulhavam num caixote selado a caminho do mais longe ainda, eu vos respondo porque não estive aqui: "Fui cagar sim! Não caguei durante 1 mês, apenas durante 2 semanas! No resto do tempo tinha menos para fazer do que tenho agora, o que era realmente bastante. Portanto, estou realmente ocupado. Gosto realmente da palavra "realmente". É uma palavra que vive num tremendo paradoxo - "Real-mente". Se é real como pode ser mentira? Será uma ilusão? Será que ainda não acabei de cagar aquilo da há 2 semanas atrás, será que ainda estou com uma diarreia mental?
Bom, mas o que eu queria falar era deste esquema que acabei de fazer no paint, e que está, modéstia à parte, realmente (...) bom:


A seta azul é o trajecto que costumo fazer para minha casa. Faço o trajecto contrário praticamente o mesmo número de vezes mas não interessa! Se repararem, existe um prédio na curva do trajecto que é bastante "gordo" retirando toda a visibilidade, sendo que em seguida temos uma saída de um estacionamento seguido de imediato por uma passadeira.

Pensamento geral: "Estes gajos da câmara da Amadora são uns incompetentes!" com mais uns quantos palavrões. Realmente (lá está!) parece que eles optam mesmo por pôr as coisas nos sítios mais complicados e perigosos possíveis. Já estou a imaginar o senhor Presidente da câmara:"O quê??! Os condutores ainda conseguem ver os peões a 15 cm da passadeira?!!Temos que mudá-la para mais perto da curva, assim não dá!" Não percebo.

Saudações.

sábado, dezembro 02, 2006

O que é que hei-de escrever no título? A felicidade do Natal?

Está a chegar a minha altura preferida do ano! Não é o natal... É o regresso da Leopoldina! E também dos Ferrero Rocher que tinham sido retirados na altura do verão para não perderem as suas qualidades. Gosto de pensar que a leopoldina também se retira no verão para que não derreta.

A Leopoldina é uma figura mítica da minha geração. Não me recordo em que ano ela apareceu pela primeira vez, mas lembro-me que no primeiro natal em que surgiu eu fiquei maravilhado. Estava ali a mais bonita avestruz amarela que eu alguma vez tinha visto, é verdade que eu até à data nunca tinha visto muitas avestruzes, muito menos amarelas e ainda menos a cantarem "Bem vindos ao mundo encantado dos brinque...".

Ai a música... Que obra tão demoníaca. Actualmente já não há muitas pessoas a cantarolarem-na por aí, mas tenho a certeza de que se alguém começar a entoar "Bem vindos ao mundo encantado" alguém continuará até ao fim da cantiga. No ano em que a música começou lembro-me que passávamos praticamente todos os intervalos a cantar a música. Eu e mais um grupo de raparigas, porque os rapazes aproveitavam para ir dar uns remates na bola. Não me comecem a rotular de homossexual, eu na altura ponderei "O que é que me fará mais másculo no futuro? A bolinha, fofinha e redondinha? Ou uma canção radical e à maneira como a da Leopoldina?". Como eu estava tão errado... Se eu soubesse, na altura, tinha era ido pentear umas bonecas, ali com uma escova, à homem! Como? Não é másculo? Porque é que dizem que não é? Não me venham com tretas, há por aí tanto cabeleireiro é porque é uma coisa máscula, não?

Hoje as marcas tentam a todo o custo inventar um boneco que tenha tanto sucesso quanto a Leopoldina. Veja-se o dinossauro azul e amarelo dos danoninhos. Onde é que eles foram buscar a ideia? O pensamento deles deve ter sido mais ou menos este:

Publicitário 1: Precisamos de criar uma coisa que as crianças gostem!
Publicitário 2: E se usarmos a Leopoldina? As crianças devem estar com saudades dela, ela só aparece no natal... Durante os outros meses usávamo-la nós!
Publicitário 3: Esperem lá que tenho de ir à casa de banho. Comi uma feijoada ao almoço que não me caiu nada bem...
Publicitário 1: Vai lá... (Publicitário 3 sai de cena) Não podemos usar a Leopoldina, essa é do Continente.
Publicitário 2: Leopoldina... Lepolda... Dina... Dino! Porque não um utilizamos um carro estampado contra uma árvore? Ou um dinossauro? Amarelo como a Leopoldina!
Publicitário 1: Epah que ideia genial!
Publicitário 3: (Gritando de fora do palco) Alguém sabe onde é que está o papel higiénico?

Nunca ninguém chegará aos calcanhares da Leopoldina, especialmente porque ela voa e os calcanhares ficam a uma altura demasiado elevada para alguém chegar lá... Agora todos "Bem vindos ao mundo encantado dos brinquedos onde há reis, princesas, dragões!"