segunda-feira, dezembro 31, 2007

De que cor é o lápis cor de pele?

De certeza que já houve um espertinho aí desse lado a responder ao título com a expressão "É cor de burro quando foge!". Desde já, um muito obrigado por interromper este post logo no início... Posso continuar ou vai continuar com essas parvoíces? Obrigado.

Esta pergunta já surgiu há algum tempo, mas ainda não tinha escrito este post não só pela falta de tempo, mas também porque não quero parecer racista. Ora bem, a grande dúvida que me surgiu foi como tratar os pretos. Sim, pretos. É assim que vou chamar a essa raça ao longo do texto. Isto não me parece nada ofensivo, se brancos não é ofensivo, porque é que pretos há-de ser? São apenas duas cores... Se ouvimos um preto a dizer "Eish, olha aquele branco!", ninguém fica ofendido. Já quando se ouve "Eish, olha aquele preto!", está o caldo entornado. É porque somos racistas, é porque somos xenófobos... Mas onde é que está a igualdade?

Para colmatar a falha que existe ao tratá-los por africanos, visto que a maioria deles nem sequer nasceu em África, alguém inventou o termo "Afro-país onde vivem", como Afro-americano ou Afro-lusitano. Nada mais parvo e racista! Alguém me trata por Caucaso-lusitano? Ou se eu nascer em Angola chamam-me Caucaso-angolano? Não! Serei sempre um branco, por isso eles serão sempre pretos. Eu posso falar assim porque tenho mais contacto com África do que muitos deles... Afinal de contas, eu vivo na Amadora...

Bem, espero que ninguém se tenha ofendido com isto, mas para mim é verdade e acho que ninguém se deve sentir ofendido por lhe chamarmos pela cor da pele. Eu sou branco! Assumo-o aqui! Sou branco... Vá lá, sou cor de pele... E é aqui que voltamos ao título. Cor de pele... Que cor é essa? Para mim é um beige, um creme, um branco sujo, mas para um preto isto não é verdade. No entanto nas escolas, se pedirmos um lápis cor de pele a um preto ele vai dar-nos o tal lápis com a cor de pessoa branca. E isto prova que o sistema educativo está errado! (Viram? A fazer a crítica política...)

Na verdade eu acho que chamar àquele lápis, lápis cor de pele é o equivalente a chamar a uma caneta de feltro, caneta de cor azul céu... Ah espera, essa já existe. Mas o azul do céu num dia de nevoeiro não é o mesmo do que num dia de sol, pois não? Então e o cor de rosa? Só existem rosas cor de rosa? E as vermelhas, e as brancas? Vamos lá a chamar as coisas pelos nomes, a partir de agora é lápis cor de pele de branco e azul céu num dia de sol. O cor de rosa vai ter de se manter cor de rosa, porque não faz sentido chamar-lhe cor de rosa quando esta é cor de rosa.

Agora só há o problema de quando os brancos se bronzeiam... Enfim, fica para outra altura.

domingo, dezembro 23, 2007

Mais uma pergunta...

Porque é que as tias insistem sempre para que nós comamos mais? Porque é que elas no final da refeição dizem sempre coisas do género "Então? Não comes mais? Olha que ficas mal... Come só mais esta fatiazinha de bolo..."?

Eu creio que a explicação para isto reside nos óculos. Já repararam que todas as tias a partir de uma certa idade passam a andar com dois fundos de garrafa de champanhe no lugar dos óculos? Experimentem um dia, só numa de curiosidade, olhar através dos óculos de uma delas. Aí vão ver que até a pessoa mais gorda que conhecem parece estar anoréctica. Uma vez pus os óculos de uma das minhas tias e ao olhar ao espelho pensei "Uau! Olha aquele borracho que está ali!", e depois vi que era eu...

O que aqui é dito para as tias, é aplicável também às avós... Insistem sempre para que nós comamos sempre mais qualquer coisa. A primeira vez que isto aconteceu eu quis fazer a vontade à minha avó, e depois de ter comido uma sopa, dois pratos de feijoada, uma salada de frutas e uma fatia de bolo de mel, ainda tive de comer mais duas fatias de bolo rei e um chocolate, só porque a minha avó insistiu... Obviamente que não me consegui levantar da mesa durante 2 horas, mas a partir daí aprendi a minha lição e agora já só aceito uma fatia de bolo rei e o chocolate.

Agora a sério, deixo aqui a minha mensagem para as avós e tias deste país, eu já estou suficientemente gordo, não me queiram ver a rebentar... A menos que a ideia destas tias seja tratarem-nos como tratam as suas galinhas e nos queiram ver a engordar até mais não. Para um dia mais tarde nos matarem e fazerem um belo assado de neto ou de sobrinho.

domingo, dezembro 16, 2007

A nossa infância...

Recordo o dia em que fui alegremente àquela loja de brinquedos, cujo nome pode ser traduzido para português por "Brinquedos somos nós", comprar um Tamagotchi. Apesar de recordar que naquele dia fui lá alegremente, hoje não recordo esse dia com alegria.

Para quem não sabe, o Tamagotchi é o brinquedo típico da infância da geração que nasceu entre 1985 e 1990. No início o conceito parecia genial, ora ali estava um animal de estimação que não iria dar trabalho nenhum aos pais. Sim, o principal problema dos cães e gatos como animais de estimação para crianças é que as crianças ficam com o lado divertido (brincar com eles e dar-lhes carinho) e os pais com o lado aborrecido (passeá-los, limpá-los, alimentá-los...). Com o Tamagotchi tudo isso iria mudar, a única coisa que os pais tinham de fazer era desembolsar 5000$ e as crianças ficariam felizes e os pais teriam tempo livre.

Lembro-me que fiquei baralhado na primeira vez que ouvi falar neste brinquedo, nessa altura ele tinha apenas chegado ao Japão. Foi-me dito que era preciso alimentá-lo, lavá-lo e dar-lhe vacinas. Na minha mente de 9 anos imaginei-me a enfiar carcaças e vegetais para dentro de uma máquina ou a passar a dita por baixo do chuveiro. E aquilo ficou na minha cabeça por mais de um ano, até que o dito "bicho" chegou finalmente a Portugal. Nessa altura fez-se luz na minha cabeça "Ah! Eu para o alimentar só tenho de carregar nos botões!". E pronto, chegou então o dia de que falava há pouco e no qual eu fui comprar este brinquedo.

Nos primeiros dias tudo foi um mar de rosas. Ou quase... Aquela bolinha andava ali, feliz no ecrã, eu dava-lhe uns bolinhos, passava-o por água e desligava a luz para ele ir dormir, no entanto havia um problema. Para quem viveu aquela altura deve lembrar-se que para aí 30% destas máquinas eram produzidas na Indonésia. Eu tive o azar de comprar uma que tinha sido lá feita. Eu tinha apenas 10 anos, não fazia qualquer ideia do que era a política, quanto mais o "embargo" português a este país. E pronto, fui gozado até ao dia em que colei um autocolante com o meu nome por cima das palavras "Made in Indonesia". A partir desse dia, sim, fui feliz.

Passados uns 3 dias ele cresceu, tornou-se numa bola maior. Tudo parecia correr bem. Parecia, até à aula de Educação Física em que no final, quando eu me dirigi para o balneário e olhei para a máquina vi que ele tinha feito dois "cócós" e já estava lá no cantinho um símbolo de uma caveira indicando que ele estava doente. Foi aí que começaram as dúvidas. "Então eu abandono-o 50 minutos e este sacana ia-se matando? Eu tenho de estudar, não posso estar sempre a dar-lhe atenção... Ele que não pense que vai ser um Tamagotchi mimado...". E pronto, foi o fim... Ainda assim, limpei-o e dei-lhe a vacina. No dia seguinte ele voltou a evoluir e enquanto todos os outros Tamagotchi tinham, neste estado de evolução, um aspecto saudável, o meu parecia um fumador de 90 anos que havia começado a fumar 3 maços por dia desde os seus 13 anos. Era hediondo e eu comecei lentamente a tentar abandoná-lo.

Com toda esta febre deixou de nos ser permitido andar com os bonecos na hora de almoço e o meu lá ficou, abandonado debaixo do tampo da carteira. Depois de almoço, quando esperava vir dar-lhe carinho, abri o tampo da mesa e... Ele não estava lá, alguém o havia roubado. Fiquei triste, derramei uma lágrima e gritei um sonoro "NÃOOOooo...". Esse foi um dos dias mais tristes da minha vida, o mais triste foi quando descobri que o radar do aeroporto tinha um motor e não se movia apenas com a força do vento. Na noite em que perdi o Tamagotchi dormi mal, mas no dia seguinte acordei e sentia-me um homem novo. Sentia-me livre. Foi aí que percebi "Nunca mais quero ter um animal de estimação...".

P.S. - Ainda hoje tenho algumas dúvidas... Que bicho era aquele? E o que acontecia no final? Alguma vez alguém chegou ao final?

sábado, dezembro 01, 2007

Greves...

As greves são muito chatas para a população, excepto para a parte da população que está a fazer greve... É curioso como as greves calham sempre junto ao fim de semana, ou junto a feriados, porque é que não se marca uma greve para uma quarta feira? Sendo o meio da semana iria incomodar muito mais gente. No entanto os sindicatos acham que o melhor dia é mesmo a sexta feira.

O grande problema das greves, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é o incómodo que elas causam. Ter o lixo à porta durante 4 dias, não ter uma consulta de médico pela qual se esperou 5 meses, não poder resolver uma questão importante nas finanças ou chegar 4 horas atrasado ao trabalho porque os transportes alternativos só passam de 2 em 2 horas são coisas que agastam uma pessoa, mas para mim, o maior problema são os números da adesão à greve.

"Sindicato diz que houve uma adesão à greve de 95%"
"Governo diz que a adesão à greve não ultrapassou os 12,5%"

Então? Estamos a falar da mesma greve? Será que as pessoas que trabalham no governo que fazem estas estimativas estavam de greve e por isso não contaram toda a gente que estava de greve? É que eu vejo estes números a avançarem a velocidades avassaladoras e estou preocupado que se chegue à situação em que os sindicatos dizem que 120% das pessoas aderiram à greve, e justificam este número com 5000 espanhóis que vieram a Portugal só para fazer greve. Ou que se cheguem a números do governo da ordem dos -10%, sendo este número justificado pela contratação de mais 3000 pessoas.

O que eu queria não era a paz no mundo, o que eu queria eram duas mulh... Isso é outra coisa, o que eu queria era que um dia, governo e sindicatos pudessem caminhar lado a lado, de mãos juntas, dizendo números semelhantes... E assim, finalmente, viverem felizes para sempre...

Fim