Os apelos...

Contrariamente ao que parece, a palavra apelo não significa estar sem pêlos. Na verdade estar sem pêlos é vulgarmente conhecido por careca, que também não é uma caneca com "r"... Uma caneca com "r" é na verdade um... Ok, voltando ao apelo. É impressionante a quantidade de apelos que as pessoas fazem hoje em dia.

Devido à recente crise na Birmânia, onde se temem confrontos bastante graves, o papa Bento XVI já veio fazer um apelo a que tudo se resolva pacificamente. Ora bem, eu julgo que esse apelo não irá ter grande efeito, assim como a maioria dos apelos feitos pelas pessoas. O que é que os birmânios, birmaneses, birmaninos ou as pessoas da Birmânia vão pensar? "Nós estamos aqui a lutar pelos nossos interesses, e estamos quase a desancar os gajos à pancada... Ah, espera! O papa fez um apelo... Ok tudo bem, fica tudo como estava, nada de conflitos, se foi o papa a fazer o apelo então está bem!". Até que chega alguém e diz "Mas tu és budista, porque é que estás a responder a um apelo feito pelo papa?!". E pronto, volta tudo ao mesmo.

Porque é que se continuam a fazer apelos à paz? Provavelmente as pessoas que estão a batalhar nem sequer têm acesso à televisão ou ao rádio, onde poderiam ouvir os apelos. Apelos à paz está visto que não resultam. Assim como não resultam apelos para que se façam enriquecer países pobres. Se querem ver as situações resolvidas têm de fazer pedidos, apelos já não resultam.

Por exemplo, alguém já apelou a que um empregado de restaurante lhe trouxesse um cheesecake? Não, fizeram um pedido de um cheesecake... Se tivessem apenas apelado ainda agora estariam à espera do cheesecake. Ok, mesmo que tenham pedido ainda podem estar à espera, se tiverem agora mesmo acabado de pedir um cheesecake e estejam a ler este post no restaurante enquanto esperam pela sobremesa. Se é esse o caso não partam já para a exigência de quererem um cheesecake, esperem mais um pouco. Esse será o próximo passo, a exigência de paz!

Soube agora que o papa apela a que todos comentem este post. Obrigado.

Marcel Marceau (1923-2007)

É muito triste e uma grande perda para o mundo. Este é o primeiro post-obituário do Kassabian e achei que tinha de ser este grande homem a inaugurá-lo. Para quem não sabe quem foi este senhor, passo a dizer o que fazia e compreenderão porque ele era tão importante. Este senhor era um mimo. Não, ele não era assim um tipo giro a quem eu chamasse um mimo, ele era mesmo um Mimo... Daqueles que fazem mímica.

E é por isso que estou triste. Se quando morreu Amália os discos vendidos desta senhora dispararam, ou quando faleceu Ingmar Bergman a venda de DVD's do realizador aumentou bastante, temo agora que morreu Marcel Marceau que o número de mimos na rua expluda.

E os mimos são uma coisa que chateia. Quando é que eles vão sair daquela caixa invisível? Eu aposto que o senhor nem sequer morreu, ele fez-se de morto e para se manter na personagem de mimo não pode dizer mais nada. E vocês perguntam, então mas os médicos não viram os sinais vitais do homem? Eles viram, mas pensaram "Porra! Este gajo atormenta-nos há 84 anos com uma sacana de uma caixa invisível, vamos lá pô-lo mesmo dentro de uma caixa e ver como ele se safa...". E assim fizeram, colocando-o dentro de um caixão. Neste momento ele está algures debaixo de terra com as mãozinhas a apalpar o caixão e a fazer aquela expressão parva de mimo como se não percebesse o que se está a passar. Finalmente estás preso! Faz uma cara feliz!

E o nome mimo? Mais um que tipicamente foi inventado por alguém que praticava a "modalidade". "Ai eu faço aqui umas coisas de mímica deixa-me lá ver que nome é que eu vou ter... Já sei! Vou ser um mimo, assim as miúdas podem dizer que eu sou um mimo e eu digo-lhes "Tu é que és, oh boneca!"". Isto acabou por não correr assim tão bem, porque o mimo esqueceu-se que não podia falar e foi desmascarado da primeira vez que encenou o seu número.

Por isso eu digo aqui, que quem escreve no Kassabian vai passar a ser chamado de "Um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho". Se uns palhaços monocromáticos são um mimo, eu posso ser um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho... Pior está a Area que com esta denominação não fica muito favorecida, mas olha, é o que se arranja... Também não existem as mimas, porque é que haveriam de existir as um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho? Se a Area quiser voltar a escrever neste blog terá de deixar crescer uma bigodaça e tornar-se uma mulherzinha, com pêlos nas pernas e tudo!

Agora isto de as ruas se encherem de mimos tem uma vantagem. Com esta enchente vamos passar a perceber o que sofre um daltónico, porque vamos passar a ver tudo a preto e branco. Vai ser bom voltar ao ano de 1967, altura em que ainda não havia televisão a cores em Portugal.

Siesta...

A sesta, para muitos uma instituição sem fins lucrativos (a Sociedade de Exportação de Sono, Trabalho e Actividades)... Ok, quando digo instituição é porque é sagrada para muitas pessoas, mas para mim simplesmente não resulta.

No outro dia, andando a dormir mal há já algumas noites, fiquei sonolento depois de almoço e pensei "Ora deixa-me cá dormir uma sestinha... São 14h15, vou pôr o despertador para as 15h30!". Dito isto deitei-me. Volta para aqui, volta para ali e adormecer estava difícil. 14h30, levantei-me e fechei os estores. Mais meia dúzia de voltas e lá consegui adormecer. Quando estava prestes a entrar no sono profundo ouço "Bip, bip, bip!", era o despertador. Pensei para mim mesmo, ainda é cedo, não tenho nada para fazer, deixa-me cá dormir mais uma horinha. E mudei o despertador para as 16h30. Voltei a adormecer e quando o despertador me acordou de novo pu-lo para as 17h. Foi mais ou menos por volta dessa hora que me levantei.

Primeiro fiquei completamente baralhado. Dormir a meio da tarde fez-me pensar que já tinha começado outro dia e que eu tinha simplesmente dormido até mais tarde... Para além disso estive o resto do dia com sono, como se o meu corpo me estivesse a dizer "Então mas só dormes 3 horas esta noite? Costumas sempre dormir 8 horas porque é que hoje só dormiste 3? Ai é? Então deixa-me ligar aqui os mecanismos do sono e vais andar a bocejar até te deitares!". Exactamente, até me deitar, porque deitei-me por volta da meia noite e devo ter adormecido lá para as 4 da manhã. Simplesmente não conseguia adormecer.

O meu corpo é como um amplificador para qualquer estímulo que eu lhe dê. Por exemplo, e o que vou contar é bastante embaraçoso, para a maioria das pessoas beber um café à noite não lhes afecta o período de sono. Se eu beber uma Coca-Cola (sim uma Coca-Cola!) ao jantar é certo que nessa noite fico acordado até às 3 ou 4 da manhã. Eu até tenho sono, mas parece que a cafeína da Coca-Cola faz um bypass ao interruptor do sono e liga o cérebro directamente ao gerador, e mesmo que eu tente desligar o interruptor o cérebro não responde.

Mais reacções exageradas do meu corpo. Temos por exemplo a ingestão de comida. Vamos supor que eu como 4 folhas de alface, o meu corpo processa-as como três hambúrgueres e duas costeletas... Eu sou forte (pronto, tenho os ossos largos... ok! sou gordo!) não porque como muito, mas porque o meu corpo exagera nas suas reacções exteriores.

Tudo bem, eu também já ouvi desculpas melhores, mas pensei que esta ia pegar e escrevi um post sobre a sesta para tentar que esta história de eu ser gordo colasse. Pronto, não consigo que tenham pena de mim por eu ser gordo... Continuo a ser o" gordo que escreve umas parvoíces num blog". Pensei que com este post pudesse passar a ser o "coitado, é doente e tem tanta piada no que escreve!". Mas não...

Dois!

Faz hoje 2 anos... Que tudo começou... Ridículo é a palavra que uso para me descrever. Dizem que um bebé ao primeiro ano começa a andar e ao segundo a falar. Eu pouco vi este blog a andar durante este ano, e duvido que ele vá começar agora a falar. Pouco tem sido escrito, se no final do primeiro ano tinhamos cerca de 200 posts, estamos agora nos 300, o que indica que não se fizeram mais de 100 posts este ano. Por isso tenho de tomar uma decisão difícil... A minha decisão é a de parar com isto... Parar de me lamentar! E começar a escrever mais.

Duvido que no ano vindouro vá escrever muito mais do que escrevi este ano, mas se escrever 50 posts ficarei contente. Porquê? Porque isso significa que podemos estar numa parábola invertida e estamos a chegar ao vértice. Lá para o 7º ano vai haver 1 post por ano, mas lá para o 20º espero ter 1000 posts por ano. Agora que penso nisso, e se estivermos numa exponêncial invertida? Não tarda estamos a chegar à assímptota e quando lá chegarmos não haverá volta a dar. Mas isso não me preocupa muito, porque se chegarmos a uma coisa que se chama assímptota ficarei contente. Assímptota, assímptota... Não há muitas palavras como assímptota e a palavra assímptota parece-me engraçada e é engraçados que queremos ser.

Este ano o blog evoluiu. Foram feitos videos, considerados por alguns como inúteis e como pseudo-humor, esses alguns não perceberam que aquilo era drama do mais forte que existia... Para além disso o blog internacionalizou-se, quase fui assassinado pelo Green Peace... Engraçado pensar que uma organização que tem no nome a palavra “Paz” tivesse tanta vontade de me ver vestido com um sobretudo de pinho. Eles têm sempre a sua mente nas plantinhas e deveriam estar a pensar que eu faria bom adubo para o mundo verde. Para além disso, há uns posts atrás tive um comentário vindo do Brasil.

Por tudo isto estou orgulhoso e por tudo isto espero que este ano o bebé comece a falar! Obrigado a todos os que têm amparado os primeiros passos da criança. Espero que continuem desse lado...