Marcel Marceau (1923-2007)

É muito triste e uma grande perda para o mundo. Este é o primeiro post-obituário do Kassabian e achei que tinha de ser este grande homem a inaugurá-lo. Para quem não sabe quem foi este senhor, passo a dizer o que fazia e compreenderão porque ele era tão importante. Este senhor era um mimo. Não, ele não era assim um tipo giro a quem eu chamasse um mimo, ele era mesmo um Mimo... Daqueles que fazem mímica.

E é por isso que estou triste. Se quando morreu Amália os discos vendidos desta senhora dispararam, ou quando faleceu Ingmar Bergman a venda de DVD's do realizador aumentou bastante, temo agora que morreu Marcel Marceau que o número de mimos na rua expluda.

E os mimos são uma coisa que chateia. Quando é que eles vão sair daquela caixa invisível? Eu aposto que o senhor nem sequer morreu, ele fez-se de morto e para se manter na personagem de mimo não pode dizer mais nada. E vocês perguntam, então mas os médicos não viram os sinais vitais do homem? Eles viram, mas pensaram "Porra! Este gajo atormenta-nos há 84 anos com uma sacana de uma caixa invisível, vamos lá pô-lo mesmo dentro de uma caixa e ver como ele se safa...". E assim fizeram, colocando-o dentro de um caixão. Neste momento ele está algures debaixo de terra com as mãozinhas a apalpar o caixão e a fazer aquela expressão parva de mimo como se não percebesse o que se está a passar. Finalmente estás preso! Faz uma cara feliz!

E o nome mimo? Mais um que tipicamente foi inventado por alguém que praticava a "modalidade". "Ai eu faço aqui umas coisas de mímica deixa-me lá ver que nome é que eu vou ter... Já sei! Vou ser um mimo, assim as miúdas podem dizer que eu sou um mimo e eu digo-lhes "Tu é que és, oh boneca!"". Isto acabou por não correr assim tão bem, porque o mimo esqueceu-se que não podia falar e foi desmascarado da primeira vez que encenou o seu número.

Por isso eu digo aqui, que quem escreve no Kassabian vai passar a ser chamado de "Um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho". Se uns palhaços monocromáticos são um mimo, eu posso ser um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho... Pior está a Area que com esta denominação não fica muito favorecida, mas olha, é o que se arranja... Também não existem as mimas, porque é que haveriam de existir as um-gajo-todo-bom-e-bem-jeitosinho? Se a Area quiser voltar a escrever neste blog terá de deixar crescer uma bigodaça e tornar-se uma mulherzinha, com pêlos nas pernas e tudo!

Agora isto de as ruas se encherem de mimos tem uma vantagem. Com esta enchente vamos passar a perceber o que sofre um daltónico, porque vamos passar a ver tudo a preto e branco. Vai ser bom voltar ao ano de 1967, altura em que ainda não havia televisão a cores em Portugal.