sábado, maio 20, 2006

Batalhas cinematográficas surreais

Para quem já pensa que vou dar pancada na Missão Impossível 3 ou no novo filme do 007, desengane-se... Isso vou fazê-lo no Kulturssabian, depois de visionar esses dois filmes. Para já vou descrever essa batalha que se passa em todas as salas de cinema portuguesas: a luta pelo apoio para os braços.

É uma guerra que dura desde que os irmãos Lumiére tiveram a belíssima ideia de associar um projector, uma película e uma sala, sala essa onde colocaram cadeiras com apoio para os braços. O que sucede é que cada ser humano vem de origem equipado com dois braços e cada cadeira destas não tem exactamente dois apoios para os braços, uma vez que eles são comuns com as cadeiras dos parceiros do lado.

Estaria tudo bem se as pessoas que estão ao nosso lado fossem sempre nossas conhecidas, com as quais podemos estar permanentemente em contacto, dar um ou outro encontrão, ou mesmo afastá-las do apoio. O problema surge precisamente quando o vizinho do lado é um perfeito desconhecido do nosso espólio de amizades. Aqui, começa a batalha!

Geralmente a pessoa que chega primeiro a este campo de batalha tem vantagem e acaba por levar a melhor, porém há sempre um problema, o não poder movimentar mais os braços durante as 2 horas de projecção do filme. Qualquer descuido, como coçar a cabeça, poderá ser fatal e fazer ver o resto do filme em uma de duas posições:

a) com as mãos entre as pernas e os cotovelos bastante encostados ao corpo;
b) com os dedos entrelaçados junto à barriga e os cotovelos o mais para trás possível em cima dos apoios, de modo a evitar o total contacto com o parceiro do lado.

Qualquer uma destas duas posições são sempre substancialmente mais desconfortáveis do que o comum, braços apoiados a todo o comprimento com mãos caídas para baixo no fim dos apoios, e levam muitas vezes à dormência das mãos, com aquela sensação de formigueiro indesejada.

1 Comments:

At 16:04, Blogger JoaoPedro said...

Realmente, isso é mesmo verdade! É sempre muito chato termos que ir ao cinema e termos apenas (n+1)/n [onde n é o número de cadeiras por fila] braços de cadeira para apoiarmos os nossos 2 braços humanos...
Bem, dependendo da pessoa que esteja ao lado, podemos sempre tentar entrar em conversações diplomáticas com vista à resolução do impasse e, quiçá, estabelecer contacto físico com o/a companheiro/a-de-cadeira-de-cinema. Os braços, é claro, os braços, era dos braços que eu estava a falar...

 

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