domingo, dezembro 18, 2005

Guia estelar rápido para totós ou como impressionar num passeio nocturno

Acompanhando a época sucessora do orto solar de Sirius e o corrente movimento retrógado de Marte na esfera celeste, devo informar-vos então que realmente isto anda muito morto aqui por estes lados. A melhor palavra para descrever é "passas". Mas pronto.
Tendo em conta que este é o centésimo quinto post deste blog, vamos então falar estrelas. Eu nunca me canso dito, lamento.

Sugestões de Area "Como impressionar a sua potencial/consumada cara metade num nocturno passeio romântico". Á noite, naturalmente, e sem se estar enclausurado entre quatro paredes.

O céu de Inverno, meus caros, é o mais belo de todo o ano. O que claro, mais uma vez é prova cabal da existência da Lei de Murphy - naturalmente que as constelações mais belas só podiam ser vistas, à noite, na época mais fria do ano. Portanto o primeiro ponto essencial: casacos e mantas.

Segundo ponto essencial: os pontos cardeais. Porque não começar esse passeio ao pôr-do-sol? Utilíssimo como elemento romântico cliché e para localizar Oeste. Aproveitar também para localizar Vénus, que é a primeira estrela a surgir por esses lados. Não, a sério, não é um avião. É mesmo um planeta. Lamento é informar-vos que assim de bonito, Oeste já não tem mais nada.

Virem-se agora para Sul (esquerda....eu disse ESQUERDA. Pronto). Ok, pelas 10/11 da noite procurem a estrela mais brilhante por aí, obviamente estrela essa que não se mexa. Encontraram? Essa é Sírius, sim, como no Harry Potter. E adivinhem? Fica na Constelação de Cão Maior! (J.K. Rowling é mesmo esperta!). Sírius é a estrela mais brilhante do céu nocturno e fica a só oito anos-luz da Terra, o que é bastante próximo. Não tentem encontrar o resto do cão porque parece tudo menos um cão.

Agora, olhem para a direita dessa estrela, um pouco acima, e encontrarão três estrelas alinhadas. Façam de conta que é um cinto e tentem imaginar um homem aí, de cabeça para cima. Não é assim tão difícil, a sério. Isso é Orion. Mas se quiserem mesmo mesmo impressionar, recitem o nome das principais: Betelgeuse (o ombro esquerdo), Belatrix (o ombro direito: aos fãs de Harry Potter que leram o 5º, diz-vos alguma coisa?), Rigel (o pé esquerdo) e Saiph (o pé direito). As do cinto: Alnitak, Alnilam, Mintaka.

Altura de olhar para cima. Ao ponto directamente acima das nossas cabeças é chamado o zénite. Mais ou menos por aí, um pouco para oeste, notarão um ponto avermelhado quase tão brilhante como Sírius mas... que não cintila. É Marte, meus amigos!

Tempo de virar a Norte, continuando mais ou menos no zénite, e dar de caras com Cassiopeia: o grande W no céu. Ou M. Depende da hora. Mas assim às 10 da noite, é um M. Diametralmente em oposição, passando pela estrela Polar, fica a Ursa Maior - que agora está baixa demais para se ver com clareza. Mas, em todo o caso, a Ursa Maior vê-se admiravelmente bem com um horizonte desimpedido a esta altura do ano. É claro que se parece com tudo menos com um Urso: tentem uma caçarola.

A esta altura, a vossa potencial/consumada cara metade deve estar embasbacada com toda a vossa sapiência em assuntos de asterismos! Esta é a altura de se ocuparem de outros assuntos bem mais prementes que a observação da esfera celeste.

Obrigada pela vossa atenção. A proxima lição tomará o título: "O Zodíaco: como encontrar facilmente o seu signo e pasmar ao constatar que os Gregos deviam estar a fumar alguma coisa quando viram algo de remotamente parecido com bichos ali."

Boa Noite.