sábado, outubro 28, 2006

CÁ reza a LENDA que há dromeDÁRIOS

O mundo em que vivemos está pejado de problemas, de tristeza, de pessoas más. Temos fome, guerra, pobreza e calendários de gatinhos e de cachorrinhos.

O calendário é um objecto curioso. A minha casa está repleta deles, porém não me lembro de alguma vez ter gasto dinheiro a comprar um. O calendário é um objecto que não se compra, que nos é oferecido. Sinceramente nem sei onde é que se podem comprar calendários. Sei que muitas empresas, nomeadamente supermercados, talhos e stands de automóveis usados, utilizam o calendário como meio de publicidade no início de cada ano. E é isso que me faz confusão... O que fazem as empresas que produzem os calendários durante o resto do ano? Ninguém vai comprar um calendário em Março ou Abril. Os calendários iniciam-se em Janeiro e não tem lógica comprar um objecto que não vamos utilizar na totalidade. É por isso que acho que não se vêem mais calendários à venda. Os fabricantes de calendários abrem a sua fábrica em Novembro e no fim de Fevereiro vão à falência porque os lucros não dão para pagar ao pessoal. Se estas empresas sobrevivessem veríamos calendários a ser vendidos durante todo o ano.

Há calendários giros. Chegaram a ser-me ofertados alguns, por altura do Natal, que eu tive gosto em expor na parede do meu quarto, tinham fotografias da natureza, de pinturas de Van Gogh, de obras arquitectónicas. Já dos calendários que são oferecidos com fim publicitário não se pode dizer o mesmo. Ou apresentam uma fotografia do objecto de publicidade, o que se for de um talho é geralmente uma peça de carne, ou apresentam uma fotografia com animais o mais pequenos possível cobertos com o máximo pêlo possível. Gatinhos com não mais de 20 cm com um olhar ternurento ou cachorrinhos com um olhar feliz. Nunca aparece apenas um animal, são geralmente grupos de 2, 3 ou 8 animais enfiados numa cesta e a olhar para a câmara que lhes tirou a fotografia. Devem demorar-se horas nestas sessões fotográficas, pois imagino que bichos com aquela idade sejam hiperactivos e que queiram tudo menos estar a olhar para uma câmara fotográfica. E é por isso que existem já novas versões em que aparecem bebés humanos em que tudo o que se lhes pede é que façam ou um sorriso ou simplesmente uma palhaçada, como colocar a cesta onde era suposto estarem sentados na cabeça ou um pé dentro da boca.
Estes calendário têm apenas um destino (não, não é o lixo, com muita pena minha) é a cozinha, na maior parte das vezes atrás da porta. Ninguém ousa colocar este calendário noutra divisão da casa.

Para as oficinas e locais de trabalho masculino foram criados outro tipo de calendários. Como é óbvio já perceberam que estou a falar de calendários com excertos de obras literárias de Agustina Bessa Luís. Ou então é com excertos do corpo da escritora. Não, isso não iria ser bonito, visto que quando a fotografia foi inventada a autora de A Sibila já deveria perfazer a bonita idade de 563 anos. Em vez disso a malta decidiu alegrar os mecânicos com fotografias de gajas nuas. Nos locais de trabalho exclusivamente femininos tentou fazer-se o mesmo com menos sucesso. Os calendários de bombeiros em tronco nú são comuns, sim senhor, mas não vemos ainda fotografias de gajos nús a andar de bicicleta, como vemos nas oficinas, com mulheres no papel da ciclista.

1 Comments:

At 11:51, Anonymous Anónimo said...

Pude constatar ao ler o teu post que não és grande adepto de frequentar as grandes superficies comerciais, uma vez que estas já tem um leque vastissimo de calendários à venda. Sim ,sim... há mesmo calendários à venda nas superficies comerciais, naquela parte de materiais escolares e afins.. e há para todos os gostos: Desde os fãs dos D'zrt, até aos fãs da morangada, sem esquecer os fãs do André Sardet... e o mais engraçado é que se vende durante todo o ano.. também não compreendo muito o que passará pela cabeça de uma pessoa em comprar um calendário no fim de Outubro desse mesmo ano que está a decorrer. Mas enfim, hoje em dia vê-se tanta coisa..

 

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