Diário de um caçador de melgas...

5h35: Depois de tentar dormir por tapar as minhas orelhas com um cobertor, começo a sentir demasiado calor e sou obrigado a destapar-me. Não vale a pena, vou ter de acender a luz.
5h36: Acendo a luz da mesa de cabeceira e caminho até ao interruptor para ligar a luz.
5h38: Ligo o modo "Seek and Destroy" e não demoro mais de 1 minuto a encontrar o meu alvo numa parede. Mais uma vez as leis de Darwin não se aplicam: as melgas já deveriam ser brancas para se confundirem com a parede.
5h40: Procuro uma almofada e aproximo-a lentamente da parede, sei que um movimento em falso me fará custar várias horas de sono. Quando a almofada se encontra a 10 cm da parede decido atacar. Simples e eficaz! Matei a melga! Agora tenho mais 5 horas de sono pela frente. Desligo as luzes, puxo os lençóis e tento dormir.
5h45: Será que este barulho era um zumbido? Ou já estarei apenas a imaginar coisas? Não deve ser nada. Vou mas é tentar dormir.
5h47: Agora tenho a certeza que era um zumbido, mas está tão longe. Talvez não seja. Talvez seja apenas um carro a passar numa rua distante, ou o vento na janela.
5h50: "Zummmm..." foi o que ela fez aos meus ouvidos. Não acredito que tenho mais uma melga no meu quarto... Repito todo o processo de ligar as luzes e activo mais uma vez o modo "Seek and Destroy".
5h55: Consigo encontrá-la numa parede. Qual é a probabilidade de a encontrar tão facilmente? Esta vai ser destruída tal como a sua parente.
5h56: Não acredito que falhei! Onde é que está agora a melga? Quanto tempo vai levar a pousar? Será que vou ficar acordado muito tempo?
6h15: Pela primeira vez consigo voltar a encontrá-la em voo, mas rapidamente a perdi de vista porque na sua trajectória ficou com os cortinados como pano de fundo. Agora percebo porque as melgas são escuras. Afinal Darwin ainda tem razão.
6h30: Voltei a encontrá-la e ela está a voar para a mesma parede onde esteve parada há 30 minutos. Parou! Não acredito que vou poder finalmente dormir. Preparo a almofada. Devagar. Porra! Falhei!
6h40: Vou ter de desistir. Ela levou a melhor. Vou tentar cobrir-me com o lençol e dormir.
7h20: Consigo ouvi-la do outro lado do lençol, mas sei que não vou passar de predador a presa pois ela não será capaz de passar a o lençol. Julgo até ouvi-la a tentar picar o lençol. Acabei por levar a melhor. Apesar de não conseguir dormir por causa do barulho, também não a deixo alimentar-se.
10h20: Acabo por me levantar, se a apanhasse agora iria fazê-la sofrer. Não encontro e desisto, vou fazer a minha vida normal.
10h30: Lembro-me que tenho uma maneira de a destruir. Vou usar o que Paul Ehrlich chamava de balas mágicas, algo que mata apenas os parasitas e não o ser humano, "Raid - Casa e Plantas". Ahahah!
10h40: Continuo ainda com o meu riso maléfico. Mas, de repente lembro-me: e se ela sobreviveu? Não vou conseguir fazer mais nada o dia todo, estou a viver um filme de terror, parece-me que sempre que cruzo uma esquina ouço aquela música de suspense. Ou será apenas ela a zumbir-me aos ouvidos?
2 Comments:
A cena mais eficaz (e mais geek também) para dar cabo das melgas é limpa-vidros!
Mandas uma borrifada e a melga fica sem a tensão superficial de que precisa para voar e colar-se às paredes.
É lindo vê-las em queda livre em direcção ao chão :-D
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz......
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